Crítica | The Walking Dead - 6º Temporada

Sexta temporada abusa do suspense o tornando em sensacionalismo barato!

Com o passar dos anos The Walking Dead se tornou em uma das séries de maior sucesso no mundo, baseada nas histórias em quadrinhos criadas por Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard a série conquistou vários fãs, muitos deles que nunca chegaram a ler os quadrinhos. Com personagens marcantes e uma trama que varia entre drama, suspense e boas doses de ação, os índices de audiência só aumentavam e a cada temporada no nível da produção só crescia. Os criadores da série optaram por seguir seu próprio caminho, usando os principais acontecimentos das HQs apenas como referência.

Eis que em outubro de 2015 se deu o início da sexta temporada que foi muito comentada nas redes sociais, com a chegada do grupo de Rick e a ocupação da colônia de sobreviventes, Alexandria, muito se especulou sobre a aparição do vilão Negan e com isso quem seria o personagem do grupo que iria morrer nas mãos do vilão. Nas HQs Negan é o líder dos Salvadores, um grupo que usa a velha tática de opressora de oferecer segurança (contra eles mesmos) em troca de parte de tudo o que é produzido nas colônias vizinhas, como alimentos, remédios, roupas e matérias-primas. Quando Negan é apresentado nos quadrinhos ele mata de forma brutal um dos integrantes do grupo de Rick, e desde o início da temporada que não se fala de outra coisa, “quem o Negan vai matar? ”

A sexta temporada começou bem e continuo mostrando a dificuldade de Rick e companhia em se acostumarem com seu novo estilo de vida a primeira parte da temporada serviu para pôr um ponto final no arco dos Wolfs e iniciar outro a descoberta de novas comunidades de sobreviventes. Já segunda parte entrou de cabeça no arco dos Salvadores e já nessa altura já haviam divulgado que Negan iria aparecer ainda nessa temporada e o ator escolho para viver o vilão era Jeffrey Dean Morgan, então todo o suspense de quem morreria só aumentou. Tudo parecia estar caminhando para um final de temporada épico que iria marcar as mentes e satisfazer os desejos dos fãs de ver um dos momentos mais marcantes das HQs se tronar realidade na série, que salvaria uma temporada marcada por momentos mornos e uma história arrastada e cansativa.

Deixar o público com sabor de quero mais, sempre foi a especialidade dos roteiristas da série, ao longo das 5 cinco temporadas anteriores tivemos vários episódios que foram difíceis de assistir mais que no fim das contas contribuíam para um final de temporada marcante e um início de temporada ainda melhor. Como dito, a sexta temporada começou bem até que os criadores perderam a mão exagerando no suspense que acabou virando em um simples sensacionalismo de quinta categoria. Na mid season ficou a dúvida se Glen (Steven Yeun), havia sido devorado pelos zumbis e depois disso uma sequência de momentos desnecessários aconteceram, o fato levantou mais discussão nas redes sociais e o fantasma de que alguém iria morrer nas mãos de Negan voltou com força total, se não é o Glen quem será?

Usar o suspense a favor da trama é uma ferramenta que muitas séries utilizam principalmente em finais de temporada para prender a atenção do público enquanto os novos episódios não chegam, mais o suspense virou sensacionalismo no sexto ano de The Walking Dead, todos já sabiam que Negan iria aparecer, não precisava fazer grandes rodeios para mostrar isso, todos já estavam esperando a morte de um personagem querido também, não seria nenhuma surpresa se isso acontecesse (pois é ninguém morreu, ainda), já vimos nos anos anteriores vários outros personagens queridos morrerem, Hershel, Andrea e Beth por exemplo. O décimo sexto e último episódio do ano foi ao ar ontem e foram 90 minutos arrastados e cansativos para mostrar um final que não agradou ninguém.

Rick e seu grupo já passam por diversas situações e já enfrentaram diversos tipos de inimigos e essa temporada serviu para mostrar que ao que parece eles não aprenderam nada depois disso tudo, no episódio 15 quanto Daryl, Gleen, Rosita e Michonne saem sem plano ou preparo nenhum para caírem na emboscada do inimigo chega a ser ridículo de se ver, além do mais colocar dores em Maggie só para que o restante tenham um motivo deixarem Alexandria é ainda mais infantil e imaturo por parte dos roteiristas.

Se aparição de Negan já era um evento tão esperado pelos fãs da série era mais do que obrigação dos roteiristas e criadores fazerem isso ser algo marcante não apenas pela possível morte de alguém, todo o contexto que levaria o encontro do grupo de Rick com Negan e seus capangas deveria ter sido melhor trabalhado e a morte de um dos personagens deveria ser mostrado como uma simples fatalidade, um efeito colateral do confronto entre os dois grupos. Mostra Rick e companhia tomando várias atitudes erradas sem pé nem cabeça é o mesmo que desconstruir tudo o que eles já fizeram para sobreviver até aqui, ainda mais depois do destaque que deram ao discurso do Rick quando ele diz que “juntos eles podem fazer qualquer coisa”.

O sexto ano termina de uma maneira que gerou revolta na grande maioria dos fãs, deixar para revelar qual personagem sucumbiu aos golpes dados por Negan com seu bastão Lucille apenas na sétima temporada foi o maior tiro no pé que os criadores da série poderiam ter dado, logo depois da exibição do episódio nos EUA o criador, Robert Kirkman confirmou que a vítima foi um dos personagens favoritos dos fãs, se for realmente isso porque não mostrar logo, para que esperar, será que ele quer ver o que os fãs vão falar sobre isso pelos próximos seis meses e depois decidir quem vai morrer, de uma coisa eu tenho certeza, quando um final depende de uma explicação para que o público o compreenda é sinal que algo errado foi ou está sendo feito.

Avaliação: Bom

Ficha Técnica

Temporadas: 6

Inicio: 2010.

Final: Presente.

País: EUA.

Gênero: Ação, Aventura, Suspense, Criminal, Drama.

Emissoras originais: AMC.

Criador (es): Frank Darabont.

Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Steven Yeun, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Michael Cudlitz, Lennie James, Sonequa Martin-Green, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Ross Marquand, Austin Nichols.