Crítica | Radiohead: A Moon Shaped Pool

O novo disco do Radiohead, “A Moon Shaped Pool”, chega para confirmar que o quinteto liderado por Thom Yorke resistiu ao tempo e não importa quanto tempo passe entre um álbum e outro a qualidade sonora e as inovações sempre serão marcas registradas da banda.

“Burn the Witch” abre o repertório organizado em ordem alfabética, além de ser o primeiro single lançado. É a faixa mais pop do trabalho, e uma das composições mais antigas. Com suas cordas frenéticas e incessantes, a faixa entrega, de cara, um dos trunfos do álbum: as orquestrações do genial Jonny Greenwood, certamente o músico mais talentoso do grupo, que emolduram perfeitamente a paranoia subversiva da letra (“Queime a bruxa / queime a bruxa / nós sabemos onde você mora”) representada magistralmente no clipe em stop motion divulgado dias antes do lançamento do álbum.

Na sequência temos a música mais triste o disco, “Daydreaming”, cantada de forma sublime por Yorke, no também belíssimo vídeo clip dirigido por Paul Thomas Anderson, Thom vaga por casas, estacionamentos, praias e montanhas até entra em uma caverna e se deitar da posição de um feto ao lado de uma fogueira sussurrando de forma invertida algo como “half of my life, half of my love” (“metade da minha vida, metade do meu amor”). Um fato interessante que uma versão do vídeo e da música invertidos está causando discussões alguns fóruns pela internet.

“A Moon Shaped Pool”, segue surpreendendo ao logo das demais faixas com foco nas orquestrações de Greenwood, executadas pela Orquestra Contemporânea de Londres. O disco é resultado de uma entrega emocional, que mostra claramente o empenho do Radiohead em continuar fazendo obras primas, ouvir das as faixas sem interrupções nos passa uma sensação igual a estar em um carro pensando na vida, nos sonhos e temores que ela tem, passando por lindas paisagens que nos levarão ao lindo lugar, para fugir do mundo. “A Moon Shaped Pool” é uma obra completa de uma banda que não cansa de ser melhor a cada disco lançado.