Crítica | Stranger Things - 1º Temporada
A Netflix anunciou que o número de produções originais aumentaria cada vez mais, e com isso veio o receio de que haveria perda de qualidade devido à pressão e quantidade de trabalhos em andamentos, principalmente as séries que têm sido o carro chefe da gigante do streaming. Em 2016 já temos exemplos de séries que eram grandes apostas da Netflix mas não caíram no gosto do público, como a estreante comédia LOVEe a segunda temporada de Bloodline. Porém, quando menos esperávamos, eis que a mesma Netflix nos entrega uma de suas melhores obras: Stranger Things!
A série estreou no mundo todo nessa sexta-feira (15) e logo de cara causou furor nas redes sociais quando o serviço de streaming disponibilizou os oito minutos iniciais do primeiro episódio na quinta-feira (14). Logo no dia seguinte vários elogios e comentários à série surgiram. Imagine uma mistura de Steven Spielberg, Stephen King, Os Goonies, E.T. O Extraterrestre com doses de filmes de terror como A Hora do Pesadelo, Halloween e Evil Dead, recheado de referências a Star Wars e Dungeons & Dragons, tudo isso ambientado na década perdida dos anos 80… O resultado é Stranger Things, série criada pelos irmãos Matt e Ross Duffer. Fui conferir o primeiro episódio para saber o que tinha de tão bom nessa série que todos estavam comentando, e no fim das contas fiz uma maratona madrugada adentro, assisti aos oito episódios que compõem a primeira temporada e quer saber? Que série FORMIDÁVEL, SURREAL e SENSACIONAL!!!
A trama se passa na pequena cidade fictícia de Hawkins, Indiana (EUA), cidade onde moram os amigos Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin), jovens nerds declarados que passam horas e horas jogando o RPG Dungeons & Dragons. Tudo começa quando Will desaparece misteriosamente depois de ser atacado por estranho monstro, fato que dá início a uma cadeia de eventos bizarros e sobrenaturais. Logo a notícia do desaparecimento do garoto chega aos ouvidos de todos os moradores da cidade. Joyce (Winona Ryder), mãe de Will pede ajuda ao delegado Hopper (David Habour), que inicialmente acredita se tratar de uma travessura do garoto, mas conforme as investigações avançam o policial vai entendendo que algo muito estranho está relacionado ao desaparecimento de Will, o que faz Hopper se envolver demais no caso.
Em contrapartida, Mike Lucas e Dustin unem forças para procurar o amigo. Nessa empreitada eles acabam se deparando com a misteriosa e calada garota de cabelo raspado Eleven (Millie Bobby Brown), que não demora muito para revelar que tem estranhos poderes psíquicos. Ainda temos o irmão mais velho de Will, Jonathan (Charlie Heaton), que em sua busca pelo irmão acaba se envolvendo com a irmã de Mike, Nancy (Natalia Dyer). Os dois unem forças para tentar desvendar o mistério por trás desses eventos sobrenaturais.
Os irmãos Duffer acertaram em conduzirem a trama da série seguindo quatro histórias paralelas com o mesmo objetivo final, que é encontrar Will. Se os três amigos se envolvem com a garota com poderes que os levam a uma aventuram com portais para outra dimensão, a mãe de Will é taxada de louca por dizer que seu filho perdido se comunica através das lâmpadas, sem falar no policial que acreditar estar envolvido em uma grande conspiração do governo.
Vendo assim tudo parece confuso e bagunçado demais, e fica a impressão que é muita informação para ser assimilada, mas não é. Pelo fato da temporada ter apenas oito episódios, os Duffer não complicaram em nada. A história é contada de forma rápida e objetiva, sem deixar muitas pontas soltas para o episódio seguinte. Outro ponto que vale ressaltar é a evolução que cada um dos protagonistas tem no decorrer da pequena temporada, sendo que todos terminam de uma forma totalmente diferente de quando começaram, além de o roteiro não perder tempo criando pequenas sub-tramas que só serviriam para atrapalhar.
O elenco é outro show à parte. Winona Ryder e David Habour entregam atuações dignas de prêmios, e os três amigos são outro ponto positivo. É impossível vê-los agindo juntos com uma amizade tão pura e sincera e não relembrar dos amigos que tivemos na infância, aquela amizade que parecia que duraria a vida toda e em alguns casos durou.
Juntando tudo isso e unindo ao visual impecável dos anos 80 retratado com perfeição nas roupas, carros, no jeito de falar, nas referências culturais e da cultura pop, é como se a série tivesse sido produzida naquela época. A trilha sonora impecável é composta por clássicos como Joy Division, Vangelis e The Clash, além das batidas com sintetizadores ao estilo Daft Punk que embalam as cenas de ação e suspense.
Suspense que vai arrancar alguns sustos e vários momentos de tensão, Stranger Things é a grande surpresa de 2016 até o momento, e acredito que vai conquistar muitos prêmios. Os fãs podem ficar ainda mais animados, porque a segunda temporada já está engatilhada e não deve demorar muito para ser anunciada pela Netflix.
Avaliação do Crítico: Excelente
Ficha Técnica:
Formato: Série
Gênero: Drama, Ação, Suspense, Policial
Estado: Em exibição
Distribuída por: Netflix
Elenco: Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Brown, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin
N.º de temporadas: 1
N.º de episódios: 13
Texto: Eduardo Pess
Revisão: Bia Mees